LISBELA E O PRISIONEIRO : UM CONTO DE FADAS GENUINAMENTE BRASILEIRO
Que atire a primeira pedra quem nunca se deslumbrou - pelo menos um pouquinho - com uma história de amor. Por mais fantasiosas que sejam, não há como negar: quando bem construídas, capturam nossa atenção e nos deixam sonhando feito crianças. Desde os fãs até os pouco entusiasmados com comédias românticas, é quase unanimidade que Lisbela e o Prisioneiro trata-se de uma joia do cinema e da literatura nacional.
Ambientado em Pernambuco, o longa narra a vida da inocente Lisbela, que de casamento marcado com outro homem, tem sua vida transformada em enredo de romance quando se interessa por Leléu, malandro itinerante, que tenta sobreviver com falsos truques de mágica enquanto transita entre várias identidades. Metido a conquistador, ele se envolve com Inaura, esposa de Frederico Evandro, assassino profissional impiedoso, e para escapar da morte, acaba fugindo para a cidade onde Lisbela mora. Entre imposições sociais, fugas e prisões, Lisbela e Leléu se descobrem profunda e verdadeiramente apaixonados pela primeira vez.
MAS POR QUE É BOM?
Como diria a própria protagonista, o importante não é saber o que acontece mas como e quando acontece. Com visual, linguagem e trilha sonora brasileiríssimos (destaque para a canção Você não Me Ensinou a Te Esquecer, na voz de Caetano Veloso) Lisbela e o Prisioneiro encanta pelas sutileza típica de Guel Arraes. Baseado na obra homônima de Osman Lins, o filme apesar de apresentar algumas diferenças em relação ao livro, mantém a critica ao autoritarismo, representado pela violência de Frederico Evandro e também pela figura do Tenente Guedes, pai de Lisbela e contrário a união dela com Leléu.
O romantismo da mocinha que, em sua ingenuidade, sonha viver um amor como o retratado nas telas do cinema, junto a malandragem em nome da sobrevivência do mocinho que de repente transforma-se em paixão avassaladora, são dignos de arrancar suspiros dos telespectadores.
O elenco é um show a parte, despontando a química tocante entre Débora Falabella e Selton Mello, a transformação de Virginia Cavendish na pele da vingativa Inaura e Marco Nanini dando vida ao antagonista matador sempre com um toque de ironia. Ainda há espeço para críticas sociais sutis, como manipulação das massas, a busca incessante por meios de se conseguir dinheiro e o famoso "jeitinho brasileiro" que está sempre presente, da forma mais bem-humorada possível, nos puxando a memória a espetacular adaptação de O Auto da Compadecida (2000), também dirigida por Arraes.
Representando sagazmente todas as camadas de uma boa comédia romântica sem jamais tornar-se blasé, Lisbela e o Prisioneiro chama atenção pelo primor, nos oferecendo uma experiência doce e reflexiva, e gerando por consequência, uma memória afetiva inevitável.
Nota: 🌟🌟🌟🌟🌟
REFERÊNCIAS:
• Todas as imagens deste texto foram retiradas do Pinterest.


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