O DIABO VESTE PRADA: QUANDO AS GERAÇÕES ENTRAM EM CONFLITO
Quando o assunto é mercado de trabalho, nada parece tão conflituoso quanto a convivência entre gerações. Mesmo tão faladas e criticadas, as mais novas - sobretudo os Millennials (nascidos aproximadamente entre 1980 e 2000) - ainda permanecem um verdadeiro mistério para os gestores tradicionais, principalmente tratando-se de habilidades, desejos, influências e visão de mundo que esses jovens têm a oferecer.
Se no passado as pessoas estavam destinadas a exercer uma única função dentro de uma empresa para o resto da vida, e o valor mais importante era a competitividade, hoje, a rotatividade tornou-se tão recorrente que mais do que experiência, uma boa rede de contatos aliada a um portfólio bem feito, são capazes de salvar ou providenciar um crachá.
Mas muito maior que a situação caótica do mercado, são os sonhos que movem os Millennials. Da mesma maneira que as empresas tem suas exigências e requisitos na hora de selecionar possíveis candidatos a uma vaga, essa geração também tem sonhos e como cresceram na era da internet, um aliado poderosíssimo: a facilidade de obter acesso a qualquer informação, a qualquer momento.
Em um mundo tão lotado de possibilidades e conexões infinitas, os mais jovens não se limitam, em qualquer sentido. Conseguem aprender, ensinar e compartilhar coisas na velocidade da luz, e se lhes falta experiência, sobra sede por conhecimento e desafios.
Ainda que não tão recente e apesar das mudanças para lá de significativas no cenário corporativo desde seu lançamento, O Diabo Veste Prada (2006) é um perfeito e bem-humorado retrato da geração Y no mercado de trabalho.
O longa acompanha os desafios na vida de Andy Sachs, uma jovem recém-formada e aspirante a jornalista que após conseguir emprego em uma conceituada revista de moda como assistente pessoal da geniosa editora-geral da publicação, Miranda Priestly, choca-se com um ambiente de trabalho incrivelmente hostil enquanto tenta lidar com os seus próprios conflitos internos.
MAS POR QUE É BOM?
A começar pela proposta do longa de apresentar a redação de uma revista de renome como um lugar tão luxuoso e ao mesmo tempo tão agressivo, o choque da protagonista quando inserida nesta realidade é quase igual ao nosso. Afinal, sabe-se que a pressão por resultados existe e está em todos os lugares, desde o mais simples até o mais descolado escritório da cidade. A seguir, quando Andy e Miranda são postas frente a frente, não apenas as barreiras sociais que separam as duas são expostas, mas principalmente o tal "embate entre gerações".
Enquanto Miranda tem uma reputação a zelar construída com anos de trabalho a frente de uma revista importante e uma postura quase impermeável perante tudo e todos, Andy não tem qualquer experiência no mundo da moda e chega a considerá-lo fútil, aceitando o trabalho somente pela oportunidade de um dia conseguir trabalhar escrevendo matérias para jornais, que é seu grande sonho. Tudo o que Miranda tem de experiência e rigidez, Andy tem de persistência e flexibilidade. E se no início a tensão entre ambas é visível, ao longo do filme, tanto Miranda quanto Andy tem algo a ensinar uma para a outra.
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| "Você está certa. Eu não me encaixo aqui." |
Após passar por inúmeras transformações (por fora e por dentro!), Andy finalmente percebe que apesar das posturas diferentes, ela e Miranda são muito parecidas, tendo no fundo um objetivo em comum: ascender em busca do melhor.
No fim, pouco importa em qual geração estamos inseridos, tampouco sob quais influências fomos criados. O conflito de gerações está ocorrendo de maneira veloz e irreversível, e se estamos na chamada "Era das Conexões", cabe a nós buscarmos resolver esses problemas da melhor maneira possível, utilizando a experiência dos chefes e gestores com sabedoria, e dando voz àqueles que estão chegando ao mercado de trabalho agora, sem anular nenhum dos lados para assim fazer com que consigam trabalhar em harmonia e principalmente restabelecer essa conexão.
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| "Isso é tudo." |
REFERÊNCIAS:
• OLIVEIRA, Sidnei. Geração Y: O Nascimento de uma nova versão de líderes. São Paulo, Integrare Editora, 2010.
• Todas as imagens e gifs usados neste texto foram retirados do Pinterest.




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